Zé Eduardo leva a arte muito à sério, e eu, mesmo com uma década vivida a mais de vantagem, tenho de suar para acompanhar seu ritmo quando o assunto é cinema.
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Emprestamos um ao outro DVDs, e assim ele divide comigo uma coleção que alcança filmografias bastante obscuras, ousadas e radicais, por vezes até chocantes. Ama o Zé do Caixão, Paul Morrissey o Fritz Lang expressionista. Eu, que estou louco pra ver “Arraste-me para o inferno” e que adoro “Fome Animal” do Peter Jackson e “A Chinesa” do Godard, nem sempre consigo encarar os filmes que Zé me oferece. “Ichi, o assassino”, do mestre da ultra-violência japonesa, Takashi Miike, adorado por Tarantino, eu até vi até o fim, mas fechando os olhos aqui e ali. Já “Pink Flamingos”, do John Waters, me perdeu na cena de sexo com as galinhas – olha que adoro “Polyester”. Também não passei de 15 minutos nos filmes do Alejandro Jodorowsky. Tenho atualmente em mãos uma cópia do “Vomit Dolls”, filme tão radicalmente esqueroso que foi recusado em vários Festivais de Horror. Ainda estou tomando coragem.
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Em comum, curtimos “More” (cuja trilha é do Pink Floyd), “Salô e 120 dias de Sodoma” (do Pasolini) e “Rock Horror Show”. E não pensem que Zé só se interessa por escatologia e transgressão. Ele se amarra, mas também é fã de Walt Disney, não perde o Anima Mundi, e devorou a série de DVDs da Magnus Opus que reúne curta-metragens avant-guarde – Man Ray, Ernö Metzner, Dimitri Kirsanoff, Germaine Dulac, Hans Richter, Marcel Duchamp etc.
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Na música, Zé Eduardo elege como sua santíssima trindade o Velvet Underground, o Joy Division e o Depeche Mode. Diferentemente da maioria dos garotos da sua idade, ouve poucas bandas, mas com afinco e redobrada atenção.
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A julgar pelo desempenho dos outros DJs de 19 anos que o Clube do Vinil recebeu este ano (sim, só 19!!!), a noite de 20 de agosto será muito bacana. O curioso é que cada um deles é mais voltado pra uma década: Mylena mergulhou nos anos 60 (roots mesmo: Dylan e Stones pré-psicodelia), Zé Eduardo fica mais pelos 80 e Túlio (o caçula, de 17) consegue a proeza de acompanhar a avalanche de bandas que surgem a cada semana. Está indo ao ar esta semana a edição gravada com Igor Ferraz, que se concentrou na sonoridade que marcou os anos 70, com muito Zeppelin, Cream e Jimi Hendrix:
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www.baratosdaribeiro.com.br/clubedovinil
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PORTANTO NÃO PERCA O DJ ZEPKA NO CLUBE DO VINIL:
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Quinta, dia 20 de agosto, a partir das 20h.
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No Sebo Baratos da Ribeiro:
Rua Barata Ribeiro, 354, Copacabana
Tels. (021) 2256 8634 e 2549 3850
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E VOLTANDO À NOVIDADE NO PODCAST, VALE COMENTAR QUE A COMUNIDADE RONQUEIRA
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tem na sua Ala Jovem uma grande produtora de conteúdo interessante para a internet. Igor Ferraz, em parceira com Robson Vaz Feliciano, criou o blog “Just one more night”. Eis a proposta:
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“promover a música em suas diferentes épocas, estilos e gêneros. Assim como manter viva a idéia de álbum, que vem sendo deteriorada pelo download de faixas avulsas pela internet. A cada post, vou colocar, na medida do possível, um vídeo do youtube que tenha alguma ligação com o disco postado. Então, caso não conheça o artista ou o disco em questão, dê uma olhada no vídeo e se gostar baixe o arquivo.
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http://justonemorenight.blogspot.com/
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Já o Túlio, é membro da equipe que mantém o super bem atualizado e informático blog La Cumbuca (que também faz pirataria do bem: riparam a Jam session que os Paralamas fizeram no estúdio da rádio Oi FM, tocando por ocasião do Dia Mundial do Rock! A convite do Valladares, o aqui apenas trio gravou algumas de suas canções prediletas. Rolou Nedrix, Clash, Police, Who, Stones e Zeppelin, entre outros.):
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http://lacumbuca.blogspot.com/
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O último artigo destaca os bons discos que foram lançados em 2009. A lista cita apenas álbuns de carreira de bandas, mas tem uma coletânea que seria minha indicação para quem tivesse tempo ou disposição para ouvir apenas 1 disco da safra atual. Trata-se do CD que veio encartado com a revista MOJO deste mês, agosto. Batizado de “New harvest” (em referência ao clássico álbum do Neil Young), ele explora a tendência mais recente – e menos ouvida no Brasil – de retorno ao som intimista e acústico dos anos 60 e 70, a uma estética mais “low-fi”. Está lá o folk bem CSNY do Iron & Wine e do Vetiver, além daquele levemente psicodélico do Fleet Foxes e do The Dodos. O Papercuts é bem mais difícil de classificar, mas o O Pink Mountaintops soará familiar para os fãs de Jesus & Mary Chain. Já Bill Callahan deve ser pseudônimo do Kevin Ayers… Ouvindo Akron, por exemplo, o Little Joy passa a fazer mais sentido.
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Mas as duas faixas que poderiam concorrer a “melhores canções do ano” são:
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“my girls”, do Animal Collective
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“sunrise”, do Yeasayer
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Essa última é um batidão que poderia botar as massas no mesmo estado de euforia temperada com melancolia que o hino “enjoy the silence” impôs quando o disco “Violator”, do Depeche Mode, estourou mundo afora em 1990. O que me leva ao show do Friendly Fires no Circo Voador, no último sábado.
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Só conhecia uma música da banda. Esperava algo muito disco-punk, eletro, temia até que fosse eletrônico demais. Acabei tendo a impressão de que eles retomam na verdade uma tradição ultra pop do rock radiofônico, meio new wave, dos anos 80. Me veio à mente os momentos de alegria do Duran Duran, Men Without Hats, Fun Boy Trees, Human League, When In Rome etc. Aquele som com naipe de metais fazendo um funk meio pasteurizado e com vocalistas brancos fazendo um soul pseudo-roqueiro, do tipo que predominou, por exemplo, no Live Aid – pra mim o maior marco do quão fundo desceu o rock/pop durante os anos 80. Mas que teve seus bons momentos, como com Frankie Goes to Hollywood. Dá a impressão de tratar-se de alegria abobalhada, a la Macarena, mas o single “Relax” foi banido na Inglaterra, por exemplo, pela maneira como trata a homossexualidade. Então repito: o show do Friendly Fires foi maravilhoso. Retoma e melhora esse certo tipo de pop, que via de regra foi frequentado pelo cocô do cavalo do bandido. Entendi perfeitamente eles terem dito na entrevista ao Rio Fanzine que amam o Prince.
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Bem, o assunto estará em pauta quando o DJ Zepka botar seus LPs do Depeche Mode pra rodar, nesta quinta-feira.
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APROVEITO AINDA PARA APRESENTAR AOS AMIGOS
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o Portal que dá acesso ao Lado B da inteligentsia de Taubaté, cidade do interior de São Paulo onde cresci. O Jecabit Para vocês sacarem qualé a do jegue, explico: o Taubaté Futebol Clube é conhecido como “O Burro da Central” – aliás, foram eles que conseguiram a proeza de, até agora única, de me levar a um estádio, onde acompanhei a peleja contra o São Bento do Sapucaí F.C.. Segue o link para a página onde há uma pérola para ser assistida: a participação do Eduardo Suplicy no Festival da Montanha em Santo António do Pinhal, cantando um rap do Racionais MC e, num momento em que o Pavarotti baixou no senador, Bob Dylan! Não sei qual é a banda de rock que o acompanha…
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http://jecabit.blogspot.com/search?updated-max=2009-07-28T13%3A04%3A00-03%3A00
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E não podia deixar de mencionar outro blog, criado por um dos cérebros por trás do Movimento Jecabit, o meu comparsa Saulo Alencastre. Tradutor, em seu blog mais pessoal ele publica algumas divagações, poemas e trechos dos livros que anda lendo. Todos os posts são bilíngües, e destaco o fragmento de um livro muito importante e inédito no Brasil, o “Anatomia da Melancolia”, do Robert Burton (1577-1640). O blog se chama “Silêncio através de palavras”:
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http://www.selfskrying.blogspot.com/
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ENCERRANDO, A MENINA INFINITO
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deve estar feliz feito pinto no lixo, agora que uma de suas bandas prediletas soube da HQ que a Desiderata lançou. Foi o Gilberto Custódio, vendedor de Livraria Travessa, quem contatou os caras. Ela merece que seu criador, Fábio Lyra, a evoque, usando os poderes de sua caneta nanquim, para viver novas aventuras, não acham? (Nem que seja pra revidar esse absurdo que fizeram com a Turma da Luluzinha, na versão teen, eargh!)
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Não entendi direito qual é a banda, mas esse blog parece ser de um selo indie. Confiram:
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http://blog.shelflife.com/2009/05/18/days-on-menina-infinito/
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TÁ BOM PRA TI?
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Mas pode ficar melhor: apareça na livraria nesta quinta, que a gente conversa, toma uma biritinha e escuta algum alto e bom som.
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Um abraço,
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Maurício Gouveia
Gerente
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www.baratosdaribeiro.com.br/clubedovinil
Publicado por Maurício
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