Porque essas últimas semanas foram suadas, muita correria, e a gente quer diminuir o volume a ser carregado pra Botafogo!
É ATÉ SEXTA-FEIRA agora!!!!!! Dali em diante começa o empacotamento!
Sim, o sebo já se mudou para a Rua Paulino Fernandes 15. Agora ainda mais perto do metrô. Você desce pelo lado da Rua Voluntários oposto ao do Cinema Estação / Praça Nelson Mandela, segue pela mesma calçada da Livraria da Travessa e dobra na primeira à esqueda – na esquina onde tem um imenso KFC.
Em 15 anos de atividades, acumulamos livros demais! Agora que estamos pondo ordem na casa, é hora de renovar ao máximo as anergias, as idéias e – por que não? – o estoque também.
Até evitei ir à loja de Copacabana nestes últimos dias. Para não ficar tentado a trazer os itens mais bacanas para Botafogo! E o novo endereço, aberto no dia 19 de janeiro, já está cheio de livros, discos, CDs, DVDs e quadrinhos supimpas.
Então é muito simples:
30% DE DESCONTO NAS COMPRAS QUE ALCANCEM R$ 100,00! (ou seja, o pacotão sairá por 70 mangos)
20% se você pisar no freio.
Portanto não freie! PISE FUNDO!
ESTA É A ÚLTIMA SEMANA de funcionamento do antigo endereço: Rua Barata Ribeiro 354, pertinho da estação Siqueira Campos do metrô.
E HOJE TEM CLUBE DA LEITURA EM BOTAFOGO!
A partir das 20h, na sala multiuso, no segundo andar da Nova Baratos.
Biritinhas podem ser providenciadas na Pizzaria vizinha – que aliás é deliciosa e tem um preço super camarada, vale a pena se aventurar. O café é por nossa conta. Daquele tradicional e caseiro, 0800 e coado na hora.
Traga um romance ou conto de sua predileção e leia um trecho que te impressionou especialmente.
E você pode também trazer um conto de sua própria autoria, desde que seja inspirado no mote desta rodada do desafio: um fragmento do romance “Deixa Comigo”, do uruguaio Mário Levrero, publicado pela Rocco em 2013. Disponível no blog do coletivo:
http://clubedaleiturarj.blogspot.com.br/
Mas ok. Pra facilitar, segue o fragmento, no fim deste informativo.
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E vamos dar uma bisbilhotada nas estantes da Nova Baratos:
Faz tempo que não dou umas dicas de bons shows de ROCK´N´ROLL na cidade, né?
Pois bem. Duas bandas e um compositor incríveis estão subindo nos palcos cariocas, nestes próximos dias. Excelentes representantes do que há de melhor em termos de rock autoral na atual cena:
LES POPS
agora com nova formação: Daniel Lopes e Rodrigo Bittencourt agora se uniram à Luisa Micheletti
SEXTA – 27 de Fevereiro
às 22:50h no Bar Do B
(Rua das Laranjeiras, 90 – no Mercadinho São José)
a 10 minutinhos da Estação Largo do Machado
Renato “Jukebox” Lima encabeça o time de DJs.
RAFAEL CASTRO + PRIMOS DISTANTES
Paulistas e irreverentes, esses caras começaram faz pouco, mas já fizeram muita diferença!
SÁBADO – 28
Às 21h na Sala Baden Powell, em Copacabana
http://rafaelcastro.com.br/
http://primosdistantes.com.br/
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“Deixa Comigo”, Mario Levrero (Rocco, 2013, tradução de Joca Reiners Terron)
FRAGMENTO:
Como naquela cidade nada fica a mais de cinco minutos de carro, foi fácil, com um táxi, encontrar-me diante da senhora, ou senhorita Schloss, ou Blitz, exatamente às cinco e meia. Esperava não ser considerado informal demais por estar sem paletó e com as mangas da camisa dobradas acima do cotovelo, porém tinha resolvido deixar o paletó. O clima estava cada vez mais quente.
Ela era uma doce velhinha coquete. Tinha cabelos grisalhos e olhar bondoso. Usava o cabelo cuidadosamente repartido em duas metades, preso atrás num coque. Para minha surpresa não vestia roupas negras ; usava uma blusa branca e uma saia florida. Precisava de óculos, mas não os colocara. Recebeu-me com grande amabilidade e me fez sentar numa cadeira, introduzida no país por Hernandarias junto com o gado, e me ofereceu com copo de chá. Recusei com firmeza.
“Não, senhorita Shnagg; não se preocupe. Tomei muito café”, respondi.
Já havia resolvido, mal a vi, recusar qualquer bebida; essas velhinhas tão angelicais costumam ter arsênico no armarinho do banheiro.
“Uma tacinha de licor?”, insistiu.
“Nada, muito obrigado”, respondi; e notei que se chateava. Isso não convinha aos meus fins; pareceu-me oportuno lhe explicar que jamais pudera provar álcool porque tinha sofrido na própria carne a desgraça de ter um dipsômano na família, meu próprio pai”, estava dizendo, mas a vi se entristecer demasiado, fiz um gesto de indiferença. “Você sabe como são essas coisas. Em todo caso, aceitaria um copo d´água”.
Na água eu poderia detectar qualquer sabor estranho.
Saiu, e voltou em seguida com um copo longo sobre um pratinho. Sentou-se diante de mim, toda ouvidos, e fui lhe contando sobre minha investigação detalhadamente, incluindo a eventualidade de que Juan Pérez talvez fosse um pseudônimo, uma mulher ainda por cima. Ela poderia relembrar a década de sessenta?
Era uma mulher inteligente e sensível, e provavelmente não teria muitas ocasiões de falar com alguém que a escutasse e a compreendesse. Falou e falou, remontando aos anos sessenta, cinqüenta, quarenta. Um estado similar ao coma me invadiu, e tentei sair dele fazendo um inventário da sala sobrecarregada de objetos; o maior era um piano, o menor uma formiga que percorria meu braço. Eu a olhava fascinado, esperando que me picasse, sem forças para sacudi-la.
Navegava num pedalinho por um lago sereno como um prato de sopa. Alguém tocava mandolina, e lá no céu deslizavam lentamente, muito lentamente, nuvens brancas feito algodão. Nunca soube como apareceram o pigmeu e as luvas feitas de borracha. Fazia silêncio. A senhorita Screem tinha lágrimas nos olhos. Eu também, apesar de que certamente não pelos mesmos motivos.
“Eram outros tempos”, falei com simpatia, afogando um bocejo. Dissimuladamente, olhei a hora. Seis e quarenta e cinco.
Levantei de um salto.
“Posso voltar a incomodá-la amanhã?”, perguntei, pois não recolhera nada útil aos meus fins. “Você me fez perder a noção do tempo”.
Sugeri que ela desse conferências, para que os jovens de hoje, corrompidos pela droga e pelo sexo, alcançassem uma luz de esperança. Valores, senhorita Schloss, estamos perdendo valores. Porém não podia ficar um pouco mais; esperavam-me no canal fazia quinze minutos, para gravar uma entrevista, e não queria deixar de atendê-los. Tomei suas mãos e as sacudi ternamente. Ela sorriu, encantada.
“Espero-o amanhã, jovem. Na mesma hora”, falou comovida.
(…)
Continuei chorando até que recordei subitamente do encontro. Já estava ficando tarde. Corri até o banheiro para lavar a cara e os olhos e assoar o nariz com papel higiênico., e quando vi no espelho os olhos avermelhados e o nariz inchado me deu um ataque de riso, mas sério. Evidentemente necessitava descarregar a histeria.
(…)
Tomei um táxi e cheguei às seis, meia hora atrasado.
Não me tratou severamente, porém sua preocupação era evidente. Pedi desculpas; o calor e o cansaço tinham me feito dormir em excesso. Enquanto eu estava sentado, ela me trouxe o copo d´água, como se fosse um rito instaurado séculos atrás. Sentou-se, olhou para mim com serenidade nos olhos, e sentenciou:
“Você esteve chorando”.
Temi que começasse outra vez a risada histérica. Torci a boca e confessei que, com efeito, estivera chorando.
“Minha esposa me abandonou faz uns meses”, disse, tentando sentir uma profunda autocompaixão. “Fugiu com um traficante búlgaro para a Venezuela. Às vezes sinto saudades dela”.
Duas lágrimas umedeceram minhas bochechas. Os fatos essenciais estavam corretos, mas os enfeitara um pouco; as pessoas gostam de detalhes exóticos. O homem não era traficante, mas químico; não era búlgaro, apenas vulgar; não vivia em Venezuela, mas em Montevidéu. Tampouco minha mulher me abandonara exatamente, nem fugira; foi uma separação longamente discutida, e em comum acordo.
A anciã começou a falar suavemente generalidades e máximas cujos objetivos eram dissipar minha angústia, e depois foi resvalando para velhos temas, baixando da década de quarenta até a de trinta, e dali à de vinte. Fez em mim uma lavagem cerebral completa, e depois funilaria e pintura. Fiquei manso como um cordeiro. Consegui reencarnar penosamente às sete e meia, sem recordar as razões que me haviam levado ali.
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Da Wikipedia:
Jorge Mario Varlotta Levrero (23 de enero de 1940, Montevideo – 30 de agosto de 2004, Ibídem), fue un escritor uruguayo, que además se desempeñó como fotógrafo, librero, guionista de cómics, columnista, humorista, y también creador de crucigramas y juegos de ingenio. Además, en sus últimos años de vida dirigió un taller literario.
Comenzó a publicar a fines de la década de los 60, en editoriales de Montevideo y Buenos Aires. La obra de Levrero se compone por partes casi iguales de novelas, en general de no mucha extensión, y recopilaciones de cuentos, muy variables en su tamaño. Hay una tercera zona —la de sus últimos libros—, a los que se les denomina novelas por comodidad, pero que son más bien un género propio, a caballo entre el ensayo, el relato y las memorias.
En el panorama de la literatura uruguaya contemporánea, Levrero surge como el último autor de culto del siglo XX. Su fama fue aumentando a partir de los años 80 pero, paradójicamente, siempre manteniendo un perfil muy bajo. Generó un creciente grupo de seguidores tanto en Uruguay como en Argentina pero nunca alcanzó grandes reconocimientos públicos, salvo una beca Guggenheim en el año 2000, que le permitió dedicarse a la redacción deLa novela luminosa. Este diario-relato y su antecesor El discurso vacío se consideran sus obras mayores, por su complejidad fabuladora.
Pero otros lectores prefieren, por su elaboración autónoma, sus novelas de la llamada trilogía involuntaria: La ciudad, París y El lugar. Las tres se centran en la urbe, están escritas en primera persona, eso sí como toda su narrativa, y describen una sensación de atrapamiento a modo del sueño (y del cine mudo) propio del sentimiento del “aislado” que evocan casi todos sus relatos. Y, en último término, libros de relatos inclasificables y de intensidad suma son La máquina de pensar en Gladys y Todo el tiempo.
El estilo literario de Levrero cae dentro de lo que una crítica de Ángel Rama denomina el grupo de “los raros”, una corriente típicamente uruguaya de autores que no pueden encasillarse dentro de ninguna corriente reconocible, aunque tienden a una especie de surrealismo leve. Felisberto Hernández, Armonía Somers, José Pedro Díaz, y el propio Levrero son los nombres principales de esta corriente, aunque este último era bastante más joven que el resto, y los sobrevivió a todos. De los autores vivos, más jóvenes que Levrero, se incluirían Marosa di Giorgio o Felipe Polleri, que es el continuador que más se acerca a la categoría.
Dentro de la tradición uruguaya, Levrero es más asimilable a Felisberto Hernández que al resto de los “raros”. De buscar referentes extranjeros a la literatura levreriana, salvo un cierto aire kafkiano que impregna la primera parte de su obra (desde La ciudad), sólo podría encontrársele parecidos con la obra de algunos de los surrealistas más atípicos, en particular Leonora Carrington.
Los autores del grupo de los “raros” tienen como característica ser “autocancelantes”, es decir que no han generado una corriente literaria de seguidores de su estilo, y cada uno es una singularidad dentro de su género. Sin embargo, en el caso de Levrero hay un amplio espectro de escritores más o menos jóvenes que se declaran deudores del estilo del maestro, pero en general se trata de alumnos de sus talleres, y son más deudores de su método de enseñanza que de su obra literaria.
Incluso dentro de ese grupo de escritores, Levrero es singular en su formación y estilo. Su literatura está fuertemente influenciada por la literatura popular (fue un ávido lector de novelas policiales, incluso en su variedad más floja), pero al mismo tiempo fue un estilista cuidadoso y minucioso, casi maniático.
Además, en su obra hay una fuerte vocación introspectiva que, viéndola en conjunto, da la idea de cierto tipo de escalada desde lo más narrativo hacia lo más cotidiano. El autor lo explica en una entrevista, diciendo que, inadvertidamente, a lo largo de tres décadas su literatura fue recorriendo el camino que va desde el inconsciente colectivo, reflejado en sus primeras novelas, pasando por el subconsciente hasta aflorar en la conciencia y permitirle describir lo que ocurre fuera de sí mismo
Publicado por Maurício
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