Boa música, só LPs tocando, cerveja gelada & uma galera sorridente e boa de papo: quer mais ainda?! É só aparecer na quinta-feira que vem também, que em dezembro tem Clube do Vinil nos dias 9 e 16.
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Mas já apresentei o magnânimo ANDRÉ BUDA no informativo anterior.Hoje voltei a botar a boca no trombone depois de ler o EXCELENTE ARTIGO SOBRE O DISCO “TODOS OS OLHOS”, de Tom Zé, escrito por Rodrigo Araújo para o blog do Clube do Vinil. Então, antes de apresentá-lo aos amigos, completo o lembrete da farra de amanhã com a lista de bandas que Andrée Buda pretende visitar durante sua segunda participação como DJ no quinzenal encontro de colecionadores de LPs:
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Carpenter, Beach Boys, Belle & Sebastian, Lloyd Cole & The Commotions, Johnny Cash, Jimi Hendrix, Wilco, The The, Echo & The Bunnymen, The Cure, U2, , New Order, Radiohead, Depeche Mode, Happy Mondays, Suede, Lemonheads, Sonic Youth, Jesus & Mary Chain, Pink Floyd, The Byrds, Love, The Zombies, UB40, Travis e Caetano Veloso.
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Só não se acostumem mal, ok? Começamos há pouco a publicar resenhas de lançamentos e reedições em vinil, todos disponíveis no portal Prefiro Vinil, assinados por um fantástico time de experts no assunto. Você precisa fazer uma visitinha de vez em quando pra dar uma conferida, mas resolvi soltar a isca e enviar este especialmente caprichado artigo.
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No mais, bota na agenda os eventos de fim de ano do SEBO MAIS BACANA DE COPA:
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terça, dia 14: CLUBE DA LEITURA especial de encerramento do ano, EDIÇÃO PICANTE, com curadoria de Carmen Molinari.
quinta, dia 16: CLUBE DO VINIL especial para CINÉFILOS, com exibição do piloto da série MUNDO SEBOSO.
sábado, dia 18: SAMBARATOS, roda de samba de vitrola sob a batuta de Ronaldo da Conceição – e rodinha de samba à vera puxada pelo livreiro Brunno
quarta, dia 22: CANETA, LENTE & PINCEL, último encontro do ano entre artes plásticas e literatura
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E apareça amanhã, quinta, dia 9, a partir das 20h, pra gente começar a rir das aventuras & desventuras deste 2010 que se encerra, ok? Um abraço,
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Maurício Gouveia
livreiro
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SEBO BARATOS DA RIBEIRO
Rua Barata Ribeiro 354, Copacabana
tels. (21) 2549 3850 ou 2256 8634
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www.baratosdaribeiro.com.br
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“Essas coisas assustaram e o disco sumiu. E me tirou de circulação. Eu pensava que era aquele disco que ia me botar em circulação, porque era um disco foguento, cheio de malandragem” (Tom Zé, anos 2000)
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Trinta e sete anos após seu fracasso nas prateleiras das lojas, “Todos os Olhos” está sendo relançado em vinil. O mais famoso cu* da história da MPB está lá exposto em toda sua glória nos 30 x 30 cm da capa, camuflado apenas por uma bolinha de gude.
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Arrebanhado de surpresa para a patota tropicalista de Caetano e Gil nos anos 60, Tom Zé urgira carreira à margem dos conterrâneos, com exceção de alguns pontos de encontro como o LP “Tropicália”. De disco em disco, sem grandes sucessos ou fracassos, o baiano de Irará que não se considerava um genuíno compositor popular ia tocando sua carreira low profile. Em 1973 era hora de outro lançamento pela Continental, gravadora de porte médio onde tinha estreado no ano anterior com o LP “Se o Caso é Chorar”. Como no trabalho anterior, o Grupo Capote do ex-Novo Baiano Odair Cabeça de Poeta estava a postos, desta vez com o auxílio luxuoso do grande violonista Heraldo do Monte (citado nos créditos como ‘tendo achado divertido não tocar bem’). Este lançamento marcaria o desterro comercial de Tom Zé.
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Era realmente uma quebra tão radical na obra de Tom Zé? Sim e não. Certamente os padrões de produção e arranjos ganharam uma cara mais minimalista. A estranheza sempre habitara o trabalho do baiano, mas havia sempre um refrão, um gancho de canção. Aqui o disco corta qualquer barato nesse sentido abrindo com uma base de percussão e voz em loop, com Tom Zé cantando em cima “todo compositor brasileiro é um complexado (…) ai meu Deus vai ser sério assim no inferno”, malandramente preparando o ouvinte para o bode geral das letras do LP. Uma parceria com Augusto de Campos, “Cademar”, por instantes nos lembra das pretensões tropicalistas, que naquela altura parecia bem mais distante que os curtos cinco anos que haviam se passado. Rapidamente voltamos à real com a a faixa título e grande esperança radiofônica do disco, talvez a última grande canção da carreira de Tom Zé. Debaixo de grunhidos e interjeições vocais de Tom Zé se escondia um refrão irresistível, onde Tom Zé repetidamente se desculpa por suas culpas e fraquezas nuas diante de “todos os olhos”, tanto da audiência quanto “de lá de dentro da escuridão”. Destacam-se também o ótimo samba “Augusta, Angélica e Consolação” e a releitura de “O Riso e a Faca”, 1970. Mas a obra-prima do disco é a genial “Brigitte Bardot”, ode ao efeito do passar dos anos na atriz, que estava prestes a anunciar sua aposentadoria das telas: “Coitada da Brigitte Bardot, que era uma moça bonita, mas ela mesma não podia ser um sonho para nunca envelhecer”. A faixa tem um salto magistral onde o instrumental dá o tom para uma pergunta incômoda de Tom Zé sobre o destino da francesa se ninguém se lembrasse de lhe telefonar.
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Pois bem, o LP não vendeu bulhufas, Tom Zé estava ficando velho, e a vida não parou. As intenções de Todos os Olhos foram ainda mais radicalizadas no hoje badalado “Estudando o Samba” de 1976, e o músico foi sumindo da mídia e se refugiando no circuito universitário por décadas até ser tirado do ostracismo por David Byrne. Mas essa já é outra história, e bem mais fácil de contar. Como contar derrotas, mas fugindo do lugar comum da auto-sabotagem, como o próprio artista repete quando perguntado sobre esse disco? Talvez derrotas sejam melhor ouvidas que explicadas.
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“Porque a cobra já começou a comer a si mesma pela cauda, sendo ao mesmo tempo a fome e a comida” (Complexo de Épico, Tom Zé, 1973)
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*na verdade é meramente uma boca e uma bola de gude na capa, mas ninguém precisa saber… Pendure a capa do vinil na parede da sala e choque as visitas à vontade!
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Rodrigo Araujo
Colecionador de música e só
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Nota do Editor (Ácaro): Dá pra acreditar que o Rodrigo, num absurdo rompante de modéstia, ainda enviou o arquivo com a ressalva de que poderia refazê-lo se não estivesse a contento?! Super obrigado, compadre: que texto delicioso, além de analítico e farto de informações relevantes! Posso deixar o “Estudando o Samba” também por tua conta?
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Compre a reedição em vinil 180 gramas, que acaba de sair pela Polysom, no Portal Prefiro Vinil (e aproveite as promoções de fim de ano, consulte também as modernas pick-ups – com cabo USB e tudo – que estão sendo oferecidas pela HM Eletro, lá mesmo no portal):
http://www.prefirovinil.com.br/disco/Tom_Z%C3%A9-Todos_Os_Olhos-3738/
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Publicado por Maurício
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